segunda-feira, 21 de março de 2011

DILEMAS DO NAMORO NA ADOLECENCIA

DILEMAS DO NAMORO NA ADOLESCÊNCIA


* Gerson Abarca



Se você me perguntar o que acho do namoro na adolescência, de imediato vou lhe dizer que me preocupo. Principalmente por ver que a maioria dos adolescentes que conheço e namoram, estão apresentando defasagem em algum fator da vida. É a desatenção para com a religião, escola, esporte, família, amigos, enfim, sempre tenho observado algum desgaste.



Como a onda é pegar, ficar e descartar, observo que os adolescentes que possuem algum compromisso religioso, ou que já se definem com critérios morais diante das parcerias amorosas que estabelecem, ficam sentindo-se meio que deslocados diante da galera que está pegando mesmo. Alguns deles já me revelaram que preferem iniciar um namoro sério, com compromisso, do que caírem neste esquema de ficar, cada hora com um.



Mas tudo bem, querem estabelecer relacionamento sério, para escaparem da futilidade e acabam caindo no compromisso. Compromisso de quê? Será que quando fazem assim já estão pensando em casar? –“Ô carinha, lógico que não, é só por um tempo, pra gente não ficar só”. Mas desta forma caem no mesmo esquema dos ficantes, com um compromisso transitório.



Sabemos que a indução para as sensações libidinais na adolescência, está cada vez mais apelativa nos meios de comunicação social. Escapar disto é uma tarefa árdua, e quase impossível. Sabemos também, que no passado os jovens começavam a namorar cedo, geralmente aos 14 anos, mesmo sem todo esquema apelativo. A onda hoje não é namorar, mas pegar, ficar e ter poder pelo número de bocas que se beija em uma noite.



Resta aos adolescentes com algum princípio, o namoro. Caindo assim em outra armadilha, a antecipação do futuro. É a lógica do vínculo amoroso, que conforme o tempo passa, a intensidade de sentimentos aumenta. Por isto mesmo que vemos adolescentes que apresentavam-se com grandes objetivos profissionais na vida, com desempenho educacional de primeira linha, que no decorrer do namoro acabam diminuindo suas expectativas de futuro para não verem ameaçados o namoro. Lembro-me de um adolescente que chegou a passar em uma escola técnica top de linha, mas como teria que mudar de cidade, acabou optando por estudar em uma escola de segundo grau de sua cidade, onde residia à namorada.



Sabemos que os pais dificilmente conseguirão deter um namoro que segue preceitos religiosos e vem de adolescentes bem intencionados. Dependendo do tipo de tortura dos pais, o namoro acaba virando arma de contestação às regras, e aquilo que poderia ser só uma experiência torna-se paixão arrebatadora. Porém, é necessário ater-se a alguns cuidados para que pelo menos o namoro dos filhos não venha destruí-los. Observar o ritmo de estudo; incentivar à prática esportiva; estimular para que saia com os amigos; continuidade nos compromissos da comunidade; participação nas viagens e atividades da família; controlar de alguma forma o tempo de estarem juntos no namoro; evitar acolher o namorado ou namorada dos filhos como se já fizessem parte da família, tipo norinha e genrinho; ser presença nas realizações dos filhos e fomentar os sonhos deles.



Aos adolescentes que estão nessa de namorarem sério, procurem não perder de vista seus sonhos pessoais. Neutralizar-se pelo outro, movidos pela paixão, dá a sensação de viver um grande amor. A confusão dos sentimentos é o que pode levar um adolescente à dependência emocional. Desta forma, um bom critério para saber se o namoro está legal na adolescência é procurar perceber se os pensamentos e sentimento estão canalizados apenas para a parceira ou parceiro. Se estiver, é sinônimo de dependência. E toda e qualquer dependência é negativa. Pois na vida devemos construir nossos relacionamentos de forma que não dependamos uns dos outros, mas sim que façamos trocas. Só pode trocar quem têm algo para oferecer, aliás, esta é a dinâmica do amor.



Adolescentes, não se iludam. Mais do que dar, vocês ainda estão no tempo de receber muito. Não antecipem o leito do rio, deixe que ele corra seu percurso no seu ritmo normal. Se seu namoro está muito “pegajoso”, cuidado, você poderá ficar sem sair do lugar.



Na verdade mesmo, se me perguntarem se os pais deveriam deixar namorar, não teria medo de responder que depois dos 17 anos quem sabe. Mas cada pai e mãe sabe os filhos que possuem, tudo dependerá de um bom diálogo. O certo é que com a autorização do namoro, as preocupações se dobram e a atenção multiplica-se. As vezes é melhor errar por excesso do que por falta. O excesso é mais fácil de tirar no futuro, isto é muito parecido com o bolo quando está no forno, se sobrar dá para acertá-lo na forma, mas se faltar ele fica horrível, alguns precisam até ser jogado fora.



* É Psicólogo, autor do livro “Sexualidade na Contramão” Ed. Paulus-SP.



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